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sexta-feira, 31 de julho de 2015
O RIO SÃO FRANCISCO ESTÁ MORRENDO!
terça-feira, 7 de julho de 2015
CANGACEIROS: HERÓIS OU BANDIDOS?
O Cangaço foi um fenômeno social que ocorreu no
Nordeste brasileiro, tendo seu início, segundo historiadores, em meados do
século XVIII, sendo extinto no ano de 1940, século XX, com a morte do último líder Cristino
Gomes da Silva Cleto, vulgo Corisco. O primeiro cangaceiro a chefiar um bando
teria sido o Jesuíno Alves de Melo Calado, O Jesuíno Brilhante, natural do Rio
Grande do Norte, agindo na Paraíba e em terras potiguar.
Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião e sua companheira Maria Bonita (foto original. Fotógrafo Benjamim Abrahão |
Segundo o professor José Romero de A. Cardoso, em uma
matéria que escreveu para o Jornal “Diário do Nordeste”, publicada em 03 de
fevereiro de 2007, Jesuíno Brilhante nasceu no ano de 1844, em Patu, Rio Grande
do Norte, fez-se chefe do Cangaço devido a intrigas com a família Limão, que
era protegida por potentados rurais das províncias da Paraíba e do Rio Grande
do Norte.
Ele agiu nessas terras quando o escravismo ainda era
vigente no Brasil e a seca dominava. Para o professor José Romero, Jesuíno era
considerado pelas classes menos favorecidas uma espécie de herói, por saquear
cargas com alimentos provenientes do governo imperial e dividi-las com os pobres.
Mas o professor não nega o envolvimento de Jesuíno Brilhante com os coronéis
locais, que o acoitaram principalmente no episódio em que o mesmo invadiu a
cadeia pública da Paraíba para resgatar seu pai e irmão, alguns coronéis teriam
o apoiado nesse feito.
Mas, o fenômeno *[1]cangaço
teve seu auge em meados do século XIX às primeiras décadas do século XX. Para
alguns pesquisadores esse acontecimento foi impulsionado pelo péssimo momento político
que o País vivia, refletindo na condição de miséria social e econômica que o
Nordeste, bem como todo o País, estava submetido. A situação do Nordeste,
naquela época, era considerada mais grave devido às longas secas, fenômeno
cíclico que assombra a Caatinga ainda hoje. Outro ponto considerado por alguns
historiadores é o deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira para o
Sudeste, onde estavam concentradas as fazendas de café, deixando à margem a
maioria absoluta dos nordestinos, que sem emprego se viam diante de dois
caminhos: A revolta e a Fé.
Os nordestinos nunca negaram sua fé, até mesmo os
cangaceiros que se dividiam entre o rifle e o rosário. Eles sempre faziam suas
orações. E de alguma forma lutavam em nome do deus deles.
Nos últimos anos do regime imperial (1877-1879), onde
os coronéis mandavam e desmandavam no Sertão, a fome e a miséria agravou-se
ainda mais, a seca castigava. E foi nesse cenário, no sertão do Nordeste, que o
Cangaço se manifestou em sua forma mais intensa. Não era apenas um bando, mas vários
bandos se formaram e passaram a atuar com o sentimento de vida e morte, matar
ou morrer, não de fome, de fraqueza, mas na guerra, a guerra justa para eles,
onde através dela se vingavam da seca e dos potentados rurais que comandavam
esse “Sertão véi de meu Deus”.
[2]Para os historiadores três grupos de cangaceiros
distintos teriam se formado no sertão: O Defensivo, que prestava serviços aos
latifundiários protegendo suas fazendas de ataques indígenas e rebeliões; O
Político, que era expressão de poder dos fazendeiros e atuavam em casos onde
ocorria desavenças entre famílias poderosas da época, principalmente em
disputas pela posse de terras; E o Independente, que não se subordinava a
nenhum chefe local; tinha como líder um homem do próprio povo, um bandido
social, como o Lampião, independente dos chefes locais. Embora pesquisadores
afirmem que Lampião, considerado “o “rei” do cangaço manteve envolvimento
direto com os coronéis, mesmo assim possuía características peculiares: apoiava
para ser apoiado, protegia e era protegido por estes, essa relação de força
possuía o mesmo peso.
[3]Para o Historiador britânico Eric Hobsbawm há
diferenciação entre o bandido social e o bandido comum, configurando-se o
bandido social aquele que consegue aderir apoio popular devido suas práticas
sociais.
É inegável que o cangaço deixou importantes
contribuições para o nordestino, um legado inserido na nossa cultura, sendo
parte da nossa identidade. Além da peculiaridade em vestir-se, através das
indumentárias bem produzidas, dos gibões e chapéus de couros, herança dos
vaqueiros antigos, que segundo pesquisadores foram jagunços dos coronéis e
posteriormente cangaceiros, deixaram também a dança, o xaxado, que foi criada
pelos bandoleiros de Lampião, que ao festejar suas vitorias sobre os inimigos
expressavam-se pisando com suas sandálias de couro no chão seco da caatinga
produzindo um som singular, apoiados das suas inseparáveis espingardas.
O xaxado é originário do termo “xaxar o feijão”,
“vamos xaxar o feijão?”, ou seja, retirar o capim ao redor da planta.
Inicialmente era uma dança tipicamente masculina, quando as mulheres ainda não
tinham sido inseridas no cangaço, estas passaram a integrar o bando a partir de
1930, com Maria Bonita, a primeira mulher a entrar para um bando de
cangaceiros; a mesma ganhou o título de rainha do cangaço por ser a companheira
de Lampião. Hoje, o xaxado é uma dança cultural que se popularizou no Brasil
inteiro. Um orgulho nacional.
[4]Para o professor Durval Muniz de Albuquerque Junior em
“A invenção do Nordeste” o cangaço também legou aos nordestinos ideias de “macheza,
violência e valentia”, afirmando que esse é um traço característico do nordestino,
que teria fundamentado sua personalidade e ajudado na construção de um Nordeste
diferenciado dos demais estados brasileiros.
“O cangaço vai marcar o Nordeste e o nordestino com o
estereótipo da ‘macheza’, da violência, da valentia, ‘do instituto animal’ do
assassino em potencial. Motivo de orgulho e de vaidade para os setores
tradicionais, notadamente para os camponeses da região, o elogio do cangaço
servirá para estigmatizar o homem pobre e vindo do meio rural do Nordeste,
especialmente quando chega nas grandes cidades do Sul. Estereotipá-los como
homens primitivos, bárbaros, alheios à civilização e à civilidade, que, embora
fossem homens comuns, escondiam uma fera pronta a se revelar, ‘as vezes nem
pareciam gente’. O Nordeste seria a terra do sangue, das arbitrariedades,
região da morte gratuita, o reino da bala, do Parabelum e da faca peixeira.”
O Cangaço inspirou muitos intelectuais nacionais, artistas
que compuseram músicas, produziram filmes, escreveram livros, alimentando o
imaginário popular. Destaque para os cordelistas que retrataram na literatura,
assim como outros artistas, os cangaceiros-heróis. Mas essas manifestações artísticas ultrapassaram
as barreiras do nosso País. O jornal americano New Yorque Times chegou a
comparar Lampião a Robin Hood, legando ao capitão Virgulino Ferreira da Silva o
título de defensor dos pobres. O cangaço chegou a ser comparado aos filmes americanos
e italianos de faroeste, muito popular na época.
[5]Para o pesquisador e professor brasileiro Luiz
Bernardo Pericás, “nunca houve qualquer intenção de mudança social por parte
dos cangaceiros, só no cinema e literatura, ou seja, em obras de ficção. Obras,
em geral produzidas a posteriori”, eles não possuíam ideais revolucionários,
por este motivo não podem ser tratados como heróis.
“(...) O cangaço acabava se tornando um meio de vida,
no qual por anos seguidos, indivíduos cometiam crimes como torturas,
sequestros, estupros, roubos e assassinatos. E cometiam essas atrocidades
indistintamente, tanto como alguns coronéis, como também contra policiais e
contra o próprio ‘povo’ pobre local. Há muitos relatos cometidos por Lampião,
Zé Baiano e outros contra trabalhadores, ‘cassacos’, ‘agricultores’,gente comum
do povo, sem nenhuma piedade ou remorso”.(PERICAS. 2012. Caderno do Tempo
Presente – ISSN: 2179-2143).
Para Pericás, Lampião preferia manter relações com os
coronéis e líderes políticos, do que com gente simples do povo, deles recebiam
proteção, armamento, comida e presentes. Na entrevista concedida ao “Cadernos
de Estudos do Tempo Presente” Pericás enfatiza a emblemática relação entre Lampião
e o então deputado do Estado do Ceará Floro Bartolomeu e o Prefeito de
Juazeiro, Padre Cícero Romão Batista, quando estes convocaram o líder e seu
bando para compor o “Batalhão Patriótico” contra a “Coluna Prestes”. Outra
versão diz que Lampião compareceu espontaneamente e ofereceu ajuda ao “Padin
Ciço”.
A relação de Lampião era intrínseca com o Padre. Foi através
deste, que o Cangaceiro permitiu que o fotógrafo sírio-libanês-brasileiro, Benjamim
Abrahão Calil Botto, que havia sido secretário do padre Cicero, o acompanhasse
durante dois anos, onde este produziu um grande número de fotografias e
imagens, mostrando o dia-a-dia de seu bando, embora reste hoje em dia apenas 14
minutos de gravação, tendo sido destruída a maior parte pelo Estado Novo.
A contribuição de Benjamim Abrahão para a difusão do
conhecimento sobre o cangaço é considerada muito significativa, embora essas
mesmas fotografias e imagens audiovisuais tenham contribuído diretamente para a
disseminação do bando de Lampião e posteriormente o fim do Cangaço na região. O
próprio Benjamin foi morto com várias facadas. Uma morte até hoje não
esclarecida. Alguns historiadores atribuem a morte de Abrahão à gravação
daquelas imagens. O “Estado Novo” liderado pelo ditador Getúlio Vargas teria
considerado uma afronta a divulgação do material imagético.
A perseguição aos cangaceiros ganhou força a partir da
década de 1930, quando órgãos de repressão mais atuantes e profissionalizados
foram estabelecidos. A ordem era acabar com todos os bandos de cangaceiros, se
os mesmos não se rendessem. Alguns que se renderam foram mortos.
Pesquisadores contemporâneos têm levantado muitos
questionamentos e buscado respostas a respeito do fenômeno cangaço no Nordeste.
Alguns chegam a comparar o banditismo ao tráfico de drogas nas grandes
metrópoles, enfatizando que a herança dos bandoleiros em uma escala linear foi
estendida às cidades contemporâneas brasileiras. [6]A
antropóloga e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Luitgarde
Oliveira Cavalcanti Barros e autora do livro “A Derradeira Gesta: Lampião e
Nazarenos Guerreando no Sertão” aponta semelhanças entre o método de ação dos
bandoleiros e dos traficantes: “A
maioria dos moradores das favelas de hoje não é composta por marginais. No
sertão, os cangaceiros também eram minoria. Mas, nos dois casos, a população
honesta e trabalhadora se vê submetida ao regime de terror imposto pelos
bandidos, que ditam as regras e vivem à custa do medo coletivo”. Comparação
esta que diverge da opinião de Jaime Pinsky, para o historiador e professor
fazer essa comparação é cometer o erro historiográfico do anacronismo.
Os cangaceiros e aquele considerado “Rei”,
Virgulino Ferreira da Silva, continuarão no imaginário popular. Para alguns
heróis, defensores do povo pobre num Sertão castigado pela seca e pelos
coronéis; para outros, bandidos, talvez esse seja o maior fascínio de Lampião,
o maior fascínio do fenômeno denominado Cangaço: Aqueles homens pobres do povo
que provocava medo nos coronéis, que coagidos preferiam ajuda-los ao invés de
combate-los, por isso a admiração do povo, que sentia-se representado, os
admiravam pela bravura e audácia em que submetiam os poderosos da época.
OBS.: Este artigo foi escrito pelos estudantes do segundo semestre do curso de B. em História, disciplina: "História do Ceará" da Universidade Federal do Cariri, Campus-Icó. A equipe composta por Matheus Brasil, Thobias Amaro e Vera cavalcante foi orientada pelo Prof. Rodrigo Capistrano.
_______________________________________
[2] JUNIOR, Antônio Gaspareto. O Cangaço. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/o-cangaco/>. Acesso em: 27 de junho de 2015, às 11h09min.
[3]
FILHO, Vagner Silva Ramos. Memórias do
Cangaço na Cultura Popular Cearense: Cangaceiros Sobrevivem no Imaginário
Nordestino. Graduando de História Pela Universidade Federal do Ceará.
[4] ___________________.
Memórias do Cangaço na Cultura Popular
Cearense: Cangaceiros Sobrevivem no Imaginário Nordestino. Graduando de História
Pela Universidade Federal do Ceará.
[5]
CADERNOS DO TEMPO PRESENTE. Um olhar
sobre o Cangaço. Sergipe. Edição n. 04-04 de julho de 2012. ISSN:
2179-2143.
[6] NETO, Lira. Lampião: o Dragão da Maldade. Disponível em:
<guiadoestudante.abril.com.br>. Acesso em: 28 de junho de 2015, às
14:00h.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
CAATINGA, Patrimônio da Humanidade
"Patrimônio não se
define pela natureza dos objetos que o constitui, mas pela modificação que se
opera na consciência social no momento em que determinada categoria de objetos
passa para outro mundo separado do cotidiano, gerado por regras de manutenção e
de veneração específicas." (Jacques Leenhardt).
OBS.: Esse texto foi impresso em forma de folder(material informativo)e apresentado à turma do segundo semestre do curso B. em História, disciplina: "Introdução à História do Patrimônio" da Universidade Federal do Cariri, Campus-Icó, no dia 24 de junho de 2015. A equipe composta por Matheus Brasil, Thobias Amaro e Vera cavalcante foi orientada pelo Prof. Jucieldo Alexandre.
Figura 1 foto de Thobias Amaro; Rio Salgado, Icó-CE, em 23/04/15 |
A nossa Caatinga(floresta branca) ocupa 850 mil Km2, cerca de 11% do
território do País, sendo um Bioma exclusivamente brasileiro. A vegetação
nativa é caracterizada pela paisagem esbranquiçada decorrente da ação das secas
constantes nessa região semiárida, mas principalmente pela ação do homem,
provocando desmatamentos irregulares e uso excessivo dos recursos naturais.
O corte de lenha
ainda é uma das principais atividades dos moradores da Caatinga. A indústria da
cerâmica e do gesso instalada em 101 dos 184 municípios cearenses contribuem para a degradação desse importante ecossistema.
Por conta do
desmatamento e queimadas a Caatinga possui atualmente 18.743,5 km2 de área
degradada, ou seja quase 70% de seu território.
Para o agricultor icoense Isaias Nicolau, “existem na
região muitos agricultores que usam a queimada, enfim,
derrubando e empobrecendo o solo para plantações de milho e feijão, e sabemos
que isso é ilegal, e de certa forma agride o meio ambiente.”(Isaias Nicolau, 30a, agricultor, Conj. Gama,
Icó-CE. A entrevista foi realizada no dia 10 de abril de 2015).
FAUNA da Caatinga: onça
pintada, ararinha-azul, tatu-peba, tatu-bola, preá, asa branca, cachorro do
mato, gato do mato, veado-catingueiro, cutia, gambá, dentre outros, alguns
ameaçados de extinção.
Principais representantes da FLORA: aroeira, juazeiro, amburana,
angico, jurema e o mandacaru.
A UNESCO reconheceu em 2001
a Caatinga, como reserva da biosfera, com o objetivo de promover ações voltadas
para proteção e interação com esse importante ecossistema, exclusivamente
brasileiro, que abriga mais de vinte milhões de pessoas e uma diversidade de espécies
de plantas e animais endêmicos.
Duas das poucas áreas
preservadas dessa imensa floresta branca são os parques nacionais da serra da
Capivara e serra das Confusões, localizados no Estado do Piaui. A caatinga naquelas localidades é mais
valorizada pela importância arqueológica, do que pela paisagem, atraindo
cientistas, pesquisadores e curiosos de todas as partes do mundo. No entanto, a
caatinga vai muito além desses dois importantes parques nacionais.
Menos de 1% da caatinga
está sob proteção ambiental. A degradação desse bioma causa um desequilíbrio,
que atinge diretamente à vida humana, em diversas áreas, uma vez que tendo seu
habitat destruído as espécies animais invadem as áreas urbanas,
transformando-se em vetores de doenças, no caso de várias espécies de mosquito.
Os ambientalistas alertam: A CAATINGA
PODE DESAPARECER, se não houver políticas públicas que subsidiem
programas de proteção e prevenção para tornar esse bioma sustentável.
Biodiversidade:
espécies de plantas e animais da Caatinga.
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Plantas
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Peixes
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Répteis e Anfíbios
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aves
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mamíferos
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1.512
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240
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167
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510
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143
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Fontes de pesquisa: www.mma.gov.br/, wikipédia,
www.google.com.br, http://www.recaatingamento.org.br/ Fotos:
nagaishicaatinga.blogspot.com.br revistaepoca.globo.com, educacao.globo.com, http://www.turismo.pi.gov.br, http://tvbrasil.ebc.com.br/.
http://planetasustentavel.abril.com.br/.
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